220 dias para quê?

A ideia de aumentar em mais 20 dias a quantidade de dias letivos, em estudo no MEC, nos leva inevitavelmente a essa pergunta: 220 dias para quê?
Acreditamos que é em nome da defesa de uma educação de qualidade para os alunos. E, se é preciso melhorar a qualidade, significa que a atual é ruim ou, no mínimo, duvidosa. Fico pensando numa cozinheira cujo tempero é ruim. Será que, cozinhando uma quantidade maior de alimentos seu tempero ficará mais agradável ao paladar? Ou apenas estará aumentando o que é comprovadamente ruim? Se a “comida” servida nas escolas não anda boa, aumentar a quantidade do que não é bom fará dos alunos pessoas mais felizes, mais realizadas e mais capazes?
Certamente que o Ministro da Educação, assim como seus assessores e demais componentes do ministério, estudaram em escolas com férias de 30 dias em julho e dois meses no verão. Chegaram longe, estudando “tão pouco” e com “tantas férias”! Pior é que, junto com eles, muitos dos professores que hoje atuam nas redes de ensino também passaram por esta experiência. E aí estão. Será que nossos amigos do MEC não gostaram da experiência? Traumatizou, de alguma forma? Porque aprender aprenderam... e muito! Ou não chegariam onde chegaram.
Do ponto de vista do MEC não sei, mas do ponto de vista da base, posso falar. Os professores andam cansados, pra não dizer exaustos. Trabalham demais e têm tempo de menos pra estudar, se aperfeiçoar, se qualificar e também para atividades de lazer, que ajudam a equilibrar a saúde mental e qualifica-os (junto com o conhecimento adquirido, claro) na categoria de bons mestres. Felizes, capazes e com plenas condições de saúde física e mental para exercer seu papel de facilitador da aprendizagem. Aprendizagem: motivo e razão de ser da escola.
Acredito, sinceramente, que há ideias muito mais criativas e mais geniais que essa, de aumentar o número de dias letivos. Estamos falando aqui de ideias para melhorar a Q-U-A-L-I-D-A-D-E. Quem conhece o cotidiano do ambiente escolar sabe bem do que estou falando. Quem está nos gabinetes, sabe um pouco menos, mas tem ouvido e inteligência. Se a estes dois ingredientes forem acrescentados bom senso e coerência, teremos a fórmula ideal para propor inovações de fato significativas. E que elas venham!

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