Basta de Corrupção

Em várias cidades brasileiras, o feriado da Proclamação da República foi utilizado para a realização da Marcha Nacional contra a Corrupção. Trata-se de um movimento que tem por objetivo acordar a sociedade para que se posicione – e pressione – a fim de que os corruptos sejam punidos, com a aplicação fiel da lei a todos e que se dê um BASTA à corrupção.
Precisamos, sim, dar um basta a essa corrupção que nos achaca por anos a fio e parece não ter fim. A essa corrupção que zomba de nós, de nossos esforços em trabalhar e viver dignamente do fruto de nosso trabalho; de nós, que pagamos impostos e contas assumidas; de nós que elegemos e pagamos políticos para nos representar; de nós, que procuramos dar aos nossos filhos exemplos de ética, de dignidade, de honestidade; de nós que acreditamos que é possível vencer sendo honestos, justos, solidários. Entretanto, se cada vez constatamos ser tão difícil conter a onda de corrupção e seus atores, não seria o momento de procurarmos, na ponta desse arco-íris o famoso pote de ouro que contém, potencialmente, as vias de solução?
Porque, embora tenha já se tornado lugar comum, é preciso que olhemos atentamente ao redor. A começar por olharmos ao redor de nós mesmos e das muitas vezes em que usamos de subterfúgios (que não vale a pena mencionar aqui, sabemos bem quais são) para não enfrentar filas imensas, pra não pagar multas nem impostos, pra desconsiderar regras e sinais... E que olhemos com maior cuidado também as instituições que, teoricamente, teriam por função, não só nos resguardar como nos preparar para não reproduzirmos atos corruptos ou corruptíveis.
Por acreditar na educação como a grande via de para a formação de caráter, atenho-me aqui à escola, espaço estabelecido para a educação formal. O que encontramos em recente auditoria da Secretaria de Educação do Estado do Rio? Cerca de 120 mil alunos fantasmas. Traduzindo: 120 mil alunos que foram matriculados, mas não frequentam mais as salas de aula. Segundo a Secretaria, o Estado investe 2700 reais/ano por aluno. Não queremos aqui defender que o que se investe em educação é suficiente, pois basta conhecermos a realidade das escolas para saber que não é. Entretanto, a solução é mascarar os números? Em que momento perdemos de vista a alternativa de provar que o que se investe não é o bastante e lutar por seu aumento? Mais fácil receber mais sonegando informação? Por favor, não nas escolas. Porque, se assim for, paramos o Brasil. Mesmo. Porque não haverá saída pra nós. Precisamos provar que somos bons, tão bons que fazemos milagres com o pouco que é destinado à educação, enquanto se esbanja em outras áreas não tão importantes. E que, por isso, somos dignos de confiança e merecemos mais, muito mais. Ou o país não caminhará a passos largos rumo ao verdadeiro desenvolvimento sustentável. Mas, para isso, temos primeiro que SER bons, que deixar claro que somos diferentes, que nossa prática é diferente do que se vê por aí. Antes que as marchas das ruas venham pra dentro da escola. Antes que tenhamos vergonha de encarar nossos alunos de frente. Vamos ao lado deles para as ruas, exigindo limpeza, certos de que a faxina “de casa” já foi feita!

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