Refletindo sobre a Educação à Distância


    A própria concepção de educação à distância permite vislumbrar que esta modalidade de ensino elenca uma série de vantajosas oportunidades, num país de imensas dimensões e desigualdades como o nosso. Por um lado, a utilização de recursos multimídia permite ao aluno o contato com conteúdos instrucionais elaborados por especialistas nas diversas áreas de saberes. Por outro, pessoas que não tiveram condição de frequentar determinados cursos ou níveis de ensino, seja pela dificuldade de se deslocar até os mesmos ou pelo alto custo destes para o seu orçamento, têm essas barreiras reduzidas no ensino à distância, pois que disponibiliza, a grande número de pessoas espacialmente espalhadas, um consistente volume de informações, a um custo reduzido (para o aluno).
         Outro ponto a ser destacado é a metodologia utilizada, que congrega, a um só tempo e de maneira eficaz, estudo e trabalho, além de permitir uma interlocução tamanha - via e-mails, chats, fóruns, tutorias etc - que o aluno, embora estude sozinho, não fica isolado. 
         O encontro do aluno com o professor/tutor é voluntário, ao contrário do contato presencial, cuja presença é obrigatória. Dessa forma, essa interação é mais proveitosa, pois que a motivação do aluno  está num nível ideal para uma aprendizagem significativa.
         Dentre os limites, o principal deles, a meu ver, é o - ainda - precário serviço de transmissão de dados no país, como um todo. Internet lenta, serviço intermitente, habituais em diversos pontos do país, constituem obstáculos a um trabalho que depende fundamentalmente dessa tecnologia para veicular o conhecimento e a organização técnico-administrativa.  Ainda associado ao uso da tecnologia, mas não se restringindo a ela, uma outra limitação a esta modalidade de ensino é que exige um certo domínio básico de ação em ambientes virtuais e este, lamentavelmente, ainda não faz parte da realidade de boa parte da população brasileira. Além disso, embora a aprendizagem seja flexível, respeitando tempo, ritmo, estilo e método do aluno para aprender, não é um tipo de ensino adequado a qualquer pessoa, visto que demanda disciplina e maturidade para aprender a aprender e aprender a fazer, de forma autônoma.
    Do ponto de vista da ação docente, uma das limitações é a necessidade de um planejamento rigoroso em longo prazo, diferente do ensino tradicional. Considerando o mercado de trabalho, o fato de ser um sistema relativamente novo de ensino, apesar dos bons resultados já comprovados, há ainda uma certa desconfiança de alguns setores do mercado - certamente por desconhecimento - aos egressos, embora se verifique uma tendência ao crescente reconhecimento da qualidade dos cursos e, por conseguinte, da qualificação de profissionais.
         Cabe ressaltar, entretanto, que o conjunto de possibilidades que elenca faz das limitações obstáculos que se quer superar para avançar, nunca impedimentos para seguir adiante.  É, sem dúvida, uma proposta que veio para ficar, com tendência de se ampliar mais em número e qualidade.
    (M. V. Claudino)