Ex-prefeito e vereadores de Itaguaí poderão ser presos
O
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Subprocuradoria-Geral
de Justiça de Assuntos Institucionais e Judiciais, ofereceram denúncia e
pediram a prisão preventiva do ex-prefeito de Itaguaí Luciano Carvalho Mota; do
ex-diretor de Informática da prefeitura, David Brites de Macedo; e do
ex-secretário municipal de Administração, Fuad Sacramento Zamot, além de seis
vereadores, pelos crimes de desvio de bens públicos e inserção de dados falsos
em sistema de informações. Também foi requerida a indisponibilidade de bens dos
acusados. Ao todo, 121 pessoas foram denunciadas, entre eles 112 “funcionários
fantasmas”, que deverão responder por peculato.
A
denúncia foi oferecida pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos
Institucionais e Judiciais, Alexandre Araripe Marinho, por delegação do
procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira.
De
acordo com a denúncia, o ex-prefeito Luciano Mota – que era visto pelas ruas da
cidade pilotando uma Ferrari amarela - David e Fuad desviaram, em benefício dos
demais acusados, R$ 1.206.918,32, referente a pagamentos de “salários” dos
meses de janeiro a março de 2015, apesar da ausência de qualquer vínculo formal
e legal dos “funcionários fantasmas” com o Município. Os “vencimentos” foram
depositados nos dias 6 e 27 de fevereiro e 30 de março do ano de 2015, nas
contas correntes do Banco Itaú. O MP também está investigando o mesmo
procedimento fraudulento nos anos anteriores, o que pode elevar o valor do
rombo aos cofres públicos.
Para
facilitar a execução dos desvios, o ex-diretor e o ex-secretário, por
determinação do prefeito, inseriram dados falsos no sistema informatizado da
folha de pagamento da Prefeitura de Itaguaí.
Os
“funcionários fantasmas”, além de nunca terem investido legalmente em seus cargos,
não tinham qualificação profissional mínima exigida e jamais desempenharam as
funções inerentes aos cargos apontados nos seus contracheques.
A
inclusão dos “beneficiados” na folha de pagamentos foi determinada por Luciano
Mota sem que nem sequer fosse editado qualquer ato regular de nomeação. O ato
foi realizado em acordo com os vereadores denunciados Marcos Aurélio de Souza
Barreto, Márcio Alfredo de Souza Pinto, Vicente Cicarino Rocha, Eliezer Lage
Bento (conhecido como “Zezé”), Silas Cabral e Roberto Lúcio Espolador Guimarães
(conhecido como “Robertinho”), em troca de apoio político e
"blindagem" do governo local nas votações da Câmara Municipal de
Itaguaí, e também para atender promessas de campanha feitas a aliados políticos
e cabos eleitorais.
Os
vereadores, por sua vez, recebiam parte dos “salários” destinados a seus
“apadrinhados” que, em sua grande maioria, sacavam praticamente o valor total
da suposta remuneração, em espécie, na boca do caixa. O dinheiro era repassado,
no todo ou em parte, aos seus “padrinhos” participantes do esquema, diretamente
ou através de terceiros, para que a identidade dos vereadores beneficiados
permanecesse oculta.
Ainda
segundo a denúncia, a maioria dos favorecidos com os desvios nem mesmo
conseguiu descrever que atividades desempenhavam na Prefeitura de Itaguaí,
alegando que trabalhavam em funções bizarras, como fiscalização de ilhas,
monitoramento visual de postes de iluminação, verificação do volume de águas de
cachoeiras, controle dos buracos das ruas da cidade ou até medição da
temperatura da água dos bebedouros das escolas municipais. Por elas, recebiam
salários de R$ 5 mil a R$ 15 mil.
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