Megaoperação para prender bombeiros acusados de receber propina
O
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), e a Corregedoria Geral
Unificada da Secretaria Estadual de Segurança (CGU/SESEG) realizam nesta
terça-feira (12/09) a operação Ingenium (engenharia, em latim). O objetivo é
cumprir mandados de prisão contra 35 bombeiros, entre eles comandantes de
grupamentos na Baixada Fluminense e na Capital, além de outros oficiais ligados
ao setor de engenharia da corporação e três empresários, denunciados pelo crime
de organização criminosa. Também serão cumpridos 64 mandados de busca e
apreensão, incluindo o Quartel-General da Corporação, no Centro. A operação
conta com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público
do Rio de Janeiro (CSI/MPRJ), da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas
Organizadas (DRACO), da Polícia Civil e da Subsecretaria de Inteligência da
Secretaria Estadual de Segurança (SSINTE/SESEG).
De
acordo com a denúncia, os bombeiros formaram uma organização criminosa que
cobrava propina para expedição de alvarás e licenças de estabelecimentos
comerciais, ora sem que eles cumprissem as exigências legais de segurança; ora
para acelerar o tramite na obtenção da documentação necessária. Segundo as
investigações, o esquema funcionava em diversas unidades do Corpo de Bombeiros
do Rio de Janeiro (CBMERJ), em especial o 4º GBM (Nova Iguaçu), o 14º GBM
(Duque de Caxias) e o Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP).
Entre os locais onde serão cumpridos os mandados de busca e apreensão, estão
estas três unidades da corporação, além do 8º GBM (Campinho), 12º GBM
(Jacarepaguá), 17º GBM (Copacabana) e o Comando de Bombeiros de Área (CBA) da
Baixada Fluminense.
A
denúncia aponta que os documentos eram classificados pelos integrantes da
organização criminosa como de “pequeno ou grande porte”. Esse era um dos
critérios para a fixação de preços para a propina, que variavam entre R$ 750
podendo chegar até R$ 30 mil. O grupo era liderado pelos coronéis bombeiros
José Augusto da Cunha Bandeira e Ricardo Luiz Ferreira de Aguiar, que ocupavam
o cargo de assessores especiais do comandante-geral do CBMERJ. Os dois eram
responsáveis pelas nomeações dos comandantes de grupamentos e do CBA da Baixada
Fluminense. Segundo a denúncia, esta escolha era voltada para a manutenção da
prática de corrupção e o grupo buscava nomear, para as posições de comando, os
oficiais que participavam do esquema ilícito.
Segundo
o GAECO/MPRJ, os três empresários para os quais foram emitidos mandados de
prisão, são sócios de empresas que vendiam serviços para regularizar
estabelecimentos comerciais junto aos bombeiros. De acordo com as
investigações, eles atuavam como intermediários entre as empresas que
precisavam das licenças e os envolvidos no esquema. Entre os 35 bombeiros
denunciados estão dez coronéis, sendo dois da ativa e oito da reserva; oito
tenentes coronéis, dois majores, oito capitães, um primeiro tenente, um
subtenente, três segundos sargentos, um terceiro sargento e um cabo bombeiro.
Para o
compartilhamento de provas, cópias dos autos serão remetidos pelo GAECO/MPRJ às
Promotorias de Justiça de Auditoria Militar para investigação dos crimes de
corrupção passiva e às Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva para apurar
atos de improbidade administrativa dos acusados. Fonte: MPRJ
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