Novo ciclo do petróleo pode começar com R$ 179 bilhões em investimentos
Em meio às estimativas sobre o
resultado positivo dos leilões programados pela Agência Nacional do Petróleo
(ANP) para 2017-2019, a efetivação do processo de recuperação do fator de
produção dos campos maduros e a demanda de serviços de suporte ao descomissionamento
de unidades da Petrobras, a indústria de óleo e gás no país vive ainda a
expectativa de consolidação de um outro viés de operações, que possuem
potencial de gerar mais de R$ 179 bilhões em investimentos a partir de 2018.
Hoje, 19 projetos em fase de desenvolvimento de produção dependem do resultado da consulta pública da ANP, que recebe manifestações até esta segunda-feira (18), que serão avaliadas na audiência pública marcada para o dia 3 de outubro, no Rio de Janeiro.
Esses projetos têm como base contratos definidos a partir das últimas rodadas de licitação promovidas pela ANP em 2013 e que ainda dependem da definição do percentual de participação do conteúdo local.
A discussão gira em torno da
necessidade de estímulo à competitividade do mercado, garantindo assim
eficiência, preço e qualidade.
De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços do Petróleo (Abespetro), juntos esses 19 projetos irão gerar R$ 179 bilhões em investimentos, desde a contratação de serviços, aquisição de materiais e a realização de procedimentos de sísmica e sondagem, um dos principais atrativos para a cadeia produtiva do petróleo local.
Essas demandas estão ligadas ao
processo de produção estimado para reservas situadas, tanto na Bacia de Campos,
quanto na de Santos, por grandes empresas e operadoras do setor de óleo e gás
ávidas por iniciar as operações no país.
De acordo com o levantamento da Abespetro, esses 19 projetos irão gerar cerca de R$ 50 bilhões em contratações para serviços de criação das unidades de produção, destinados à implantação de plataformas, aquisição de maquinários, instalação de sistemas e de consultoria na área de engenharia.
Os projetos ainda garantirão R$ 122 bilhões em investimentos nos processos de fixação dos poços e no sistema de subsea, uma das especialidades da cadeia produtiva offshore também instalada na cidade.
Há ainda a projeção de R$ 7 bilhões
em investimentos para as áreas de sondas e embarcações, o início do
desenvolvimento de novos negócios para a cadeia offshore local.
Na visão do gerente executivo da Abespetro, Gilson Coelho, todo esse investimento só será consolidade mediante a definição das regras sobre conteúdo local, uma discussão complexa promovida pela ANP.
"A competitividade é fundamental
para essa nova fase do mercado offshore", disse.
Recomeço após hiato de leilões
Os números de projeção de investimentos,
que surgem a cada avanço conquistado pela indústria do petróleo junto ao
governo federal, reforçam a visão otimista do setor que sente na pele os
efeitos da falta de um planejamento estratégico baseado no potencial geológico
do país, seja no pós-sal ou no pré-sal.
A crise encarada pelo setor hoje é fruto de um hiato de cinco anos (2008-2012) sem a realização de leilões para concessão de áreas de exploração e produção, um cenário que se repetiu também em 2013 e 2015.
Sem leilões, o mercado offshore nacional não registra o processo de desenvolvimento de produção de novos projetos.
Com o perfil de operadora única,
mantido pela Petrobras durante as últimas duas décadas, a falta de
competitividade também foi crucial para a recessão do setor, causando assim a
redução de negócios e o fechamento de postos de trabalho.
No entanto, com o andamento desses 19 projetos, e a consolidação dos outros cenários, o mercado do petróleo nacional está pronto para se reerguer.
Autor: Márcio Siqueira
marcio@odebateon.com.br
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