Suicídio: tabu na mídia tradicional bomba na internet
Dossiê inédito da agência nova/sb traça panorama de como o tema vem
sendo tratado nas redes sociais. Setembro Amarelo é o mês de conscientização
sobre a importância de abordar a questão do suicídio
Os números são
angustiantes. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 32
pessoas se suicidam por dia no Brasil, ou uma a cada 45 minutos, o que faz do
país o oitavo com mais suicídios do planeta. Mas o problema é bem maior, por
conta do silêncio da sociedade em torno do tema. Se em alguns dos países com
maior incidência de suicídio a taxa está estável, no Brasil ela tem crescido.
Esta foi uma das
razões que fez a nova/sb, por meio do Comunica Que Muda (CQM), ir a fundo no
assunto a partir do que se fala nas redes sociais. Foram capturadas 1.230.197
menções sobre suicídio entre os meses de abril e maio de 2017 nas principais
redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter e YouTube). Durante o período, os
destaques foram os expressivos números de comentários sobre o crime virtual da
Baleia Azul e a série 13 Reasons Why (Netflix), o que fez o tema alcançar seu
ápice de buscas no Google dos últimos cinco anos.
Confira a íntegra
do dossiê no: http://dossie.comunicaquemuda.com.br/suicidio
No geral, o jogo
Baleia Azul estava na maior parte das menções, com 59,9%. A série 13 Reasons
Why, ficou com 26,6%. As menções sobre depressão somaram 7,7%, enquanto os
comentários intolerantes em relação ao suicídio ficaram com 4,1%. Outros
assuntos somaram 1,7%.
O estado que
concentrou a maior parte das menções nos dois meses da pesquisa foi o Rio de
Janeiro, com 27,5% do total. Na sequência, São Paulo, com 17,9%, e Minas
Gerais, com 9,9%. Também tiveram destaque o Pará (5,6%), o Rio Grande do Sul
(5,5%) e Santa Catarina (4,8%).
"As redes
sociais surgiram há pouco tempo, mas entraram no cenário social com um forte
chute na porta. Em poucos anos, tomaram conta de muitas horas gastas na web.
Depois delas, mudamos muito a maneira com que nos relacionamos, e até como
vemos a importância das nossas relações. Apesar de mais conectados, observamos
que a abordagem sobre o suicídio ainda é muito superficial. Se de um lado,
menos de 30% dos internautas que comentaram o assunto demonstraram alguma
conscientização, por outro quase 20% do conteúdo das redes são de mensagens
preconceituosas, que reforçam o tabu, incentivam o comportamento autodestrutivo
ou impedem o socorro por quem passa esse problema", destacou a
coordenadora-geral do Comunica Que Muda, Bia Pereira.
Faixa etária – No Brasil, os idosos apresentam as maiores taxas, com oito
suicídios para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Mapa da Violência. A
causa mais comum, com aproximadamente 70% dos suicídios nessa fase, é a
depressão, muitas vezes não diagnosticada ou tratada inadequadamente. Psicoses
e abuso de drogas, principalmente o álcool, também estão entre os motivos mais
frequentes.
"Entretanto, é
entre os jovens que as taxas apresentaram o maior crescimento, de 2002 a 2012,
o que preocupa bastante. Ninguém é culpado por um suicídio. Ele não é
previsível, mas pode ser prevenido. O suicídio tem sido tabu por um longo tempo
e as taxas continuam crescendo. Não falar não está ajudando. Não tratar um
problema não faz com que ele desapareça. Ao contrário, apenas permite que
cresça no escuro. Por isso, precisamos derrubar esse tabu. Esta inclusive é a
orientação dos especialistas e da própria Organização Mundial de Saúde
(OMS)", destaca Bia Pereira, da nova/sb.
Outros dados - Segundo o Mapa da Violência, entre 2002 e 2012, o total de
suicídios passou de 7.726 para 10.321, um aumento de 33,6%, o triplo da taxa de
crescimento da população, que ficou em 11,1%. São 5,3 casos para cada 100 mil
habitantes. O índice fica acima do de outras formas de mortes violentas no
mesmo período, como homicídios (2,1%) e acidentes de trânsito (24,5%).
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