Maternidade da Beneficência é fechada por falta de profissionais
No último dia 30 de abril, um inquérito civil foi instaurado pela promotora Anik Rebello Assed com a finalidade de apurar as providências adotadas pelo município de Campos para evitar a paralisação dos serviços da maternidade. Ainda segundo o Ministério Público, o órgão recebeu ofício do próprio hospital informando as dificuldades em prosseguir com a maternidade em funcionamento. O motivo, de acordo com o MP, é a redução do número de profissionais, já que alguns estão afastados por integrarem grupo de risco em relação à pandemia do novo coronavírus e outros se desligaram nos últimos meses pelo atraso no pagamento dos salários resultante da falta regular de repasses de verbas referentes aos serviços já prestados.
Ainda segundo o MP, o hospital informou que a maternidade conta atualmente com apenas um obstetra em seus quadros, enquanto o número mínimo para a continuidade do atendimento é de 14 profissionais especializados.
“A promotoria concedeu prazo de 24 horas para o município adotar as providências emergenciais necessárias a evitar a paralisação do serviço. Porém, após solicitação da Secretaria de Saúde, o prazo foi prorrogado por mais 48h. A situação é extremamente preocupante, uma vez que, além da Beneficência, o município dispõe de apenas mais um hospital com convênio público com maternidade”, informou trecho da nota enviada pelo MP.
O Ministério Público informou ainda que espera que nas próximas 48 horas o problema seja contornando pelo município, não sendo descartada a possibilidade de responsabilização pessoal do gestores públicos pelos prejuízos que a ausência de providências acarretarem à vida é a saúde dos bebês.
“A maternidade foi desativada por questões técnicas e as medidas já estão sendo tomadas para que a reativação aconteça ainda nesta semana. Enquanto isso, todos os partos que aconteceriam na Beneficência serão na maternidade do Hospital Plantadores de Cana. Os atrasos nos repasses feitos pela prefeitura foram pactuados e estão em dia. Porém, por causa dos atrasos nos últimos meses, os profissionais foram se afastando no final do ano passado e início deste ano e, em relação aos que ficaram, alguns tiveram que ser afastados por pertencerem a grupo de risco. Os restantes não conseguiram suprir as escalas todas”, informou Renato Faria, presidente da Beneficência Portuguesa.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos de Campos, José Roberto Crespo, o fechamento da maternidade representa um grande prejuízo para a comunidade. “Esse é um serviço essencial, de décadas. É preciso encontrar um caminho para a sua viabilização, pois o Hospital Plantadores de Cana é responsável pelos casos de gravidez de alto risco e os outros casos seriam absorvidos pela Beneficência”, comentou.
Em nota, a secretaria Municipal de Saúde informou que foi comunicada sobre a paralisação do serviço em função da diminuição de quantitativo de profissionais na unidade. “De acordo com número estimado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a Beneficência atualmente realiza cerca de 200 partos/mês. A secretaria entrou em contato com o Hospital Plantadores de Cana, que manifestou capacidade instalada para atender a este quantitativo de partos SUS. O município está analisando possibilidades de auxílio junto ao Hospital Beneficência Portuguesa. Importante destacar que houve, também, uma redução no quadro de profissionais do município neste período de pandemia. O órgão municipal está avaliando a situação e responderá ao Ministério Público (MP), conforme prazo concedido”, informou a nota.
Plantadores de Cana comenta alta demanda
Procurada pela reportagem, a direção do Hospital Plantadores de Cana (HPC), também comentou o assunto. “Para essa nova realidade, temos que realizar algumas alterações internas em enfermarias e leitos, contudo estamos aptos para receber a demanda. A direção esclarece ainda que o HPC tem os mesmos impasses que ocasionaram a interrupção da maternidade Sociedade Beneficência de Campos: atrasos de salários devido ao ausência de repasses da complementação municipal”.
Fonte: Terceira Via.
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