Após assustar novamente, Paraíba do Sul baixa para 9,71 metros em Campos



O volume de chuva que atingiu municípios do Noroeste Fluminense, desde a última terça-feira (8), deixou rastro de destruição. Afluentes do rio Paraíba, como Pomba e Muriaé, chegaram a transbordar. Cinco municípios decretaram situação de emergência e mais de 1.400 pessoas deixaram suas casas. Em Campos, foi grande o temor de que a situação se complicasse, até mais do que na cheia de janeiro. O Paraíba chegou próximo do transbordo; porém, nessa sexta-feira (11), o nível começou a baixar e neste sábado (12) segue em baixa. Em São João da Barra, vazamento em pontos próximos ao dique de Barcelos, que rompeu na última cheia e está em obra, deixou autoridades em atenção, numa obra que deveria ser do Governo Federal e o Ministério do Desenvolvimento Regional não reconhece “paternidade” enquanto não for solicitado pelo Estado ou município.

Com a diminuição no quadro de incidência de chuvas nas zonas de influência hídrica, o nível do rio Paraíba do Sul em Campos segue registrando diminuição. Às 7h15h deste sábado, o rio atingiu a cota de 9,71 metros, mantendo a taxa de redução de 2 centímetros por hora. Em um período de 14 horas, o nível do rio baixou 27 centímetros. Antes, famílias da Ilha do Cunha e da Coroa chegaram a ser afetadas. Pelo menos, seis deixaram suas casas e foram para casas de parentes.

Para os próximos momentos, a tendência é de que a taxa de evolução de queda fique entre 2 a 4 centímetros por hora, sendo possível alteração, caso ocorram novas precipitações. Para este sábado (12), a previsão é de tempo nublado a encoberto, havendo possibilidade de ocorrência de chuvas fracas a moderadas a qualquer hora.

Atenção - A Defesa Civil Municipal e o prefeito Wladimir Garotinho chegaram a temer um cenário trágico envolvendo diques do município. Em caráter emergencial, equipes da Defesa Civil realizaram o tamponamento de uma galeria e de um trecho onde foi registrada erosão à margem direita da BR 356, na localidade de Três Vendas. “Caso o rio saia da calha e atinja esse ponto vulnerável, o risco de rompimento deste trecho da BR 356 é iminente”, chegou a informar.
Wladimir colocou o município à disposição do Dnit para colaborar no que for preciso, de modo a garantir que sejam executadas ações necessárias para evitar o rompimento da BR 356 e assim preservar a integridade das mais de 4 mil pessoas que moram em Três Vendas.

Ministério informa não estar ciente do rompimento do dique de Barcelos

O Ministério do Desenvolvimento Regional informou, nesta sexta-feira (11), que não tem como atuar nas obras do dique de Barcelos, em São João da Barra, sem prévio reconhecimento federal da situação de emergência. A solicitação deve partir do Governo do Estado ou da Prefeitura de São João da Barra. O dique rompeu e inundou a BR 356, principal acesso ao Porto do Açu, em janeiro. Na quinta-feira (10), no local ocorreu uma visita técnica, já que a água do rio Paraíba do Sul começou a vazar em postos próximo ao acostamento. Para evitar novo rompimento, foi realizado aterro adicional para reforçar a contenção do volume d’água.

No município, na tarde de sexta, o Paraíba mediu 6,65m, o que para a Defesa Civil Municipal, representa a estabilidade. A cota de transbordo é de 8 m. Segundo a Prefeitura, há diminuição na velocidade da cheia do rio, que durante o dia de quinta-feira (10), chegou a cinco centímetros por hora.
‘No dique de Barcelos, próximo ao canal São Bento, está sendo concluído um aterro adicional para reforçar a contenção do volume d’água”, explica em nota.
Na visita técnica ao local, na quinta, estiveram representantes do DER-RJ, Dnit, Inea, Defesa Civil Municipal e das secretarias Municipais de Obras e Serviços e de Meio Ambiente e Serviços Públicos. A prefeita Carla Machado também passou pelo local. Segundo informações, das assessorias desses órgãos, nenhum deles é o responsável oficial pelo trabalho, que está sendo desenvolvido em caráter emergencial. O socorro partiu do governador Cláudio Castro, ele liberou R$ 20 milhões para obras de reparo do dique, limpeza de canais, estradas e pontes. A alegação, dos órgãos envolvidos, é que a verba para recuperação total do dique tem que partir do Governo Federal.

“Para ações de reconstrução da infraestrutura danificada e recuperação do meio ambiente e da economia, é necessário o prévio reconhecimento federal da situação de emergência, que deverá ser solicitado, pelo ente (estado/município), via Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). No entanto, até o momento, nem o estado do Rio de Janeiro e nem o município de São João da Barra encaminharam a solicitação de reconhecimento federal à Defesa Civil Nacional, via S2ID”, diz nota do Ministério de Desenvolvimento Regional.
O presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Tito Inojosa, chegou a fazer um alerta para a obra do dique de Barcelos. Segundo ele, somente a colocação de pedras não seria suficiente para conter o vazamento do Paraíba e poderia resultar até em um novo rompimento. “A intervenção foi só na parte de cima, sem que a área fosse compactada, correndo o risco do dique romper outra vez. Me disseram que eram R$ 7 milhões para o serviço. Não cavaram e só colocaram pedras, sem saibro. Pedra infiltra”, destaca Inojosa. Nenhum órgão respondeu como está sendo executada a parte técnica da obra do dique.

Cinco cidades bastante afetadas no Noroeste

Cinco municípios do Noroeste Fluminense decretaram Situação de Emergência: Miracema, Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Italva e Itaocara. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Civil, as equipes seguem nos municípios para apoiar a população e as Prefeituras. Ainda, nesta sexta-feira (11), o secretário estadual das Cidades, Uruan Andrade, esteve em Itaperuna. Ele prometeu ajuda aos municípios afetados pelas cheias dos rios que tiraram mais de 1.400 pessoas de suas casas no Noroeste.

“Em panorama divulgado nesta manhã (de sexta-feira), pelos municípios, o número de desabrigados era de: 16 em Itaperuna; 5 em Aperibé; 100 em Miracema; 10 em Itaocara e 25 em Italva”, informa em nota, a Secretaria de Estado de Defesa Civil.
Uruan esteve com os prefeitos de Itaperuna, Alfredo Marques; de Cambuci, Marquinho da Venda; de Italva, Leonardo Rangel, o Léo Pelanca; e o deputado estadual e vice-presidente da Alerj, Jair Bittencourt.
Neste primeiro momento, para operações de limpeza desses municípios, será fornecido, com apoio do DER-RJ, maquinário como patrol, escavadeira hidráulica, caminhões (trucado e pipa) e retroescavadeira para auxiliar nos trabalhos após as cheias. Itaperuna, na última semana, recebeu o apoio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com uma máquina para auxiliar na limpeza dos valões da cidade.

Situação complicada - Em Laje do Muriaé, o rio chegou a atingir a cota de 7m durante os dias de chuva, mas nesta sexta a cota caiu para 6,45, na parte da manhã. No entanto, o rastro de destruição ainda assola o município, com 900 pessoas afetadas, sendo 445 pessoas desalojadas e 45 pessoas desabrigadas. O município precisa de água potável, segundo informou a Defesa Civil Municipal.

Em Miracema, essa foi uma das piores enchentes da história do município de 27 mil habitantes. A prefeitura estima que 15 mil pessoas – mais da metade da população – foram atingidas de alguma forma.

Fonte: Folha 1


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