Tabuleiro com novidades em SFI

Os prefeitáveis 

A política de São Francisco de Itabapoana também está movimentada. Se no mês passado tudo apontava que a população teria de optar mais uma vez entre nomes das famílias Cherene e Barbosa Lemos, maio vai chegando ao fim com quatro pré-candidaturas lançadas. Além do prefeito Pedrinho Cherene (PMDB) e Francimara Barbosa Lemos (PSB), estão no páreo o empresário Bebeto Ramos (PSC) e o vereador Marcelo Garcia (PSDB). O lançamento das duas pré-candidaturas surpreenderam e agitaram o tabuleiro político: o PSC, partido que o prefeito deixou no ano passado, abriga políticos fortes da família Cherene; Marcelo, até quarta-feira, era líder do governo na Câmara e cotado, inclusive, para ser o candidato do grupo em 2020, caso Pedrinho fosse reeleito.

A decisão do vereador tucano em entrar no páreo foi tomada na noite da última quarta-feira, após uma reunião que contou com a presença de representantes de mais quatro partidos. Marcelo conta com o apoio do vereador Fabinho do Estaleiro (PDT), que chegou a anunciar sua pré-candidatura a prefeito, mas retira seu nome para aderir a uma chapa encabeçada por Garcia. Além do PDT de Fabinho e do PSDB de Marcelo, aderiram à campanha o Solidariedade, o PHS e o PMB.

— Tivemos essa reunião e decidimos pelo lançamento da nossa candidatura. A população tem o direito de escolher, e o meu nome surge como mais uma opção. O apoio do Fabinho do Estaleiro foi fundamental para eu aceitar esse desafio. Contamos também com cinco partidos (PSDB, PDT, Solidariedade, PHS e PMB). O Solidariedade, talvez, tenha uma das melhores nominatas do município — afirmou Marcelo.

O vereador era visto como nome forte para a eleição de 2020, devido ao desempenho parlamentar na liderança do governo. O lançamento do nome para o pleito deste ano cai como uma bomba na política sanfranciscana. “Não vamos pautar nossa campanha em dizer quem mais errou, sucateou a Prefeitura, quem menos investiu na saúde. Queremos falar de propostas, mostrar uma política nova, discutir os caminhos, e são muitos, para o desenvolvimento de São Francisco. E trazer a população para participar dessas discussões”, disse o pré-candidato a prefeito.

Outro revés inesperado na política de São Francisco ocorreu no início deste mês. O empresário Bebeto Ramos assumiu a presidência do Partido Social Cristão (PSC), em nova composição acertada com o PSC nacional e que teve a articulação do vereador Genásio, presidente do partido em Campos. A legenda assegura que vai lançar candidatura, tendo Bebeto como provável cabeça de chapa. Nos bastidores da política sanfranciscana, o PSC era considerado partido garantido na coligação que deve apoiar a reeleição de Cherene.

Antes de ter o nome lançado como pré-candidato a prefeito, Bebeto já tentou se eleger para uma cadeira na Câmara em cinco oportunidades — uma pelo PP, outra pelo PMDB e as últimas três pelo próprio PSC. No pleito de 2012, por exemplo, ele chegou a alcançar número suficiente para se eleger, mas os votos não foram computados pela Justiça Eleitoral. Empresário da região de Alegria dos Anjos, Bebeto não quis comentar o motivo que invalidou seus votos no pleito passado. No entanto, garante que sua situação eleitoral está regularizada.

Apesar das mudanças recentes, interlocutores da política sanfranciscana garantem que muitas mudanças podem ocorrer até as convenções: tem muita água para rolar na margem esquerda do delta do Paraíba.

Polarização entre famílias está descartada

Antes do lançamento das duas pré-candituras para o pleito deste ano, no “antigo sertão de São João da Barra”, duas famílias, na briga pelo poder há décadas, iriam se reencontrar sozinhas para mais um duelo nas urnas. De um lado a família Cherene, que está no comando atualmente com o prefeito Pedrinho, que deve tentar a reeleição. Do outro a família Barbosa Lemos, a primeira a sentar na cadeira da Prefeitura, com Francimara, pré-escalada para disputa.

Para quem analisa “de fora” parecia que não havia o surgimento de novas lideranças políticas no município, fato revertido com as novas configurações. E essa também não era a opinião dos políticos. Eles acreditam que as duas famílias têm forte potencial na cidade e por isso estiveram envolvidas em praticamente todos os pleitos, de 1996 a 2012.

Nos confrontos diretos, quando as chapas eram encabeçadas por um Cherene contra um Barbosa Lemos, a vantagem até agora é dos Cherene. Esses encontros aconteceram em 1996, 2000, 2004 e 2012 — a família Barbosa Lemos só venceu em 1996.

Agora, além de vencer a disputa familiar, Pedrinho Cherene e Francimara Barbosa Lemos têm que se preocupar com os adversários que vendem a ideia de uma nova política no município.

(A.N.A.)-Folha da Manhã/Folha na Foz