Dinheiro boiando no mar transforma Urca em local de caça ao tesouro no Rio
Desde domingo
(20), quando notas de R$ 100 e R$ 50 começaram a aparecer no mar na região do
Quadrado da Urca, uma pequena marina onde embarcações ficam ancoradas, na zona
sul do Rio, barqueiros e pescadores iniciaram uma espécie de "caça ao
tesouro" nas águas da Baía de Guanabara. A movimentação, que continuava
nesta quarta-feira (23), chamou a atenção dos moradores do bairro e também
atraiu mergulhadores na busca do dinheiro. Na mureta ao longo da orla,
havia dezenas de curiosos.
"Meu amigo
é barqueiro e me contou que estavam encontrando dinheiro aqui. Mas acho que
cheguei tarde, porque não consegui nenhum centavo. Na próxima ressaca eu volto
para procurar", disse Mayko Vieira, 35, mergulhador que mora em Copacabana
e pratica caça submarina, um tipo de pesca com arpão. Dias com ressaca no mar
costumam ser os piores para os barqueiros, mas o último domingo foi uma
exceção. As águas agitadas trouxeram para Roberto Pereira, 42, R$ 45 mil em
notas e maços de dinheiro boiando. Deste montante, o barqueiro afirma que
conseguiu trocar R$ 22.850 em uma agência da Caixa Econômica Federal.
"Eu sequei
as notas e levei para o banco, mas parte do dinheiro estava carcomido, então o
caixa não aceitou tudo. Mas já é uma boa grana", conta.
Pereira
soube por colegas que havia cédulas boiando na Baía de Guanabara. Ele acredita
que as notas estavam no fundo do mar e vieram à superfície devido à ressaca.
"Cada vez
que a água batia na mureta da Urca com mais força, o dinheiro subia. Eu peguei
meu equipamento de mergulho e catei o máximo que consegui. Teve gente que não
acreditou e perdeu a oportunidade", afirma.
O
barqueiro trabalha com passeios para turistas. Com o dinheiro, ele já comprou
tinta e madeira para terminar a reforma de seus dois barcos. Ele aposta que
ganhará mais dinheiro no verão com as embarcações recauchutadas.
O
pescador Valdeci Bezerra, 60, não teve a mesma sorte. Ele conseguiu pegar R$
600 e gastou o dinheiro com material de construção para usar na reforma que faz
em sua casa. "Eu dei azar. Meu colega mergulhou e voltou com um malote de
banco cheio de moedas de R$ 0,50 e R$ 1", disse. Bezerra acredita que o
dinheiro estava submerso há muito tempo, pois as cédulas eram antigas. "As
notas eram daquelas menores, que já foram trocadas por novas, maiores, mas o
comércio ainda aceita essas velhas", afirmou.
Os moradores da
Urca estranharam a movimentação no bairro desde o último domingo. O que se
comenta nos arredores do Quadrado da Urca é a respeito dos valores encontrados
na água. Alguns fazem piada de que o dinheiro pertencia ao ex-governador Sérgio
Cabral, preso na Operação Lava Jato na última quinta-feira (17).
"Quando
o dinheiro apareceu aqui, começaram a falar que era o Cabral escondendo o
flagrante. Não sei se é verdade", brincou Wallace Moraes Júnior, 32,
garçom de um restaurante localizado em frente à mureta da Urca.
Mas apesar da
empolgação de alguns, há também os mais céticos. "Para mim isso é conversa
fiada. Realmente tinha algum dinheiro aí, mas alguém encontrar R$ 45 mil? Eu
duvido. Ninguém até agora mostrou esse volume inteiro nem o extrato da conta
bancária", disse o engenheiro João Ribeiro, 60, nascido e criado no
bairro.
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