Reforma trabalhista ameaçada com derrota em comissão do senado
Em uma reunião tensa, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do
Senado rejeitou, por 10 votos a 9, o texto principal da reforma trabalhista. O
resultado foi aplaudido e bastante comemorado por senadores de oposição, que
dominaram o debate na reunião de hoje (20).
Com a rejeição do relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES),
o voto em separado apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) foi aprovado por
unanimidade e segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde
o relator é o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Debate
Durante a reunião, senadores do PT, PSB e PcdoB fizeram duras
críticas ao texto e disseram estar convencidos de que, da forma como está, a
proposta retirará direitos do trabalhador. Outra crítica dos oposicionistas foi
o fato de o relator ter mantido o mesmo texto aprovado pelos deputados ao
rejeitar todas as emendas apresentadas, inclusive as 87 da base governista que
modificavam pontos do texto considerados polêmicos. O objetivo do relator, ao
recusar as emendas, era dar celeridade à tramitação da proposta, já que
qualquer mudança de mérito faria com que o projeto voltasse à análise da Câmara
dos Deputados.
“Os senhores hoje, se votarem esse projeto, estarão renunciando ao
mandato de senador. Estão dizendo: Olha, nós não queremos mais ser senadores.
Que a Câmara faça o que bem entender, e nós assinamos embaixo. Vamos botar aqui
na entrada da portaria do Senado uma fábrica de carimbos. Cada senador compra
um carimbo, carimba o que vem da Câmara e manda para o presidente. É isso o que
estamos fazendo. Estamos renunciando”, apelou o senador Paulo Paim (PT-RS).
“O projeto tem muitas falhas, muitos defeitos, mas o Senado não
vai mudar absolutamente nada. O Senado só vai dar uma carta branca para, se o
presidente quiser vetar, se ele quiser vetar”, disse a senadora Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM).
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), também criticou a
proposta de reforma. Disse que "este é um dia triste para o Senado",
com o avanço de uma proposta que, para ele, causará “males” ao país. “Quando
nós somarmos essa reforma trabalhista, com o que de maldade ela contém, com a
reoneração de setores da economia, vamos ter um desemprego alarmante no
Brasil”, afirmou.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que é
preciso restabelecer a verdade e defendeu a proposta. “Não se está abrindo a
porteira, é falta de responsabilidade dizer isso. Retirar décimo terceiro não é
verdade. Estamos fazendo um ajuste para melhorar a situação de empregabilidade
do país”, disse Jucá, destacando que o projeto também não trará redução de
salários.
Ricardo Ferraço lembrou que a mudança na legislação trabalhista
está sendo feita por uma lei ordinária e, por isso, nenhum direito do
trabalhador garantido pela Constituição Federal, lei maior do país, estaria
ameaçado. “ Estou seguro e convicto de que, pela hierarquia das leis, a
legislação ordinária não viola o que está consagrado na Constituição Federal.
Estou pronto a acertar contas com o presente e com o futuro daquilo que estou
fazendo”, afirmou Ferraço.Fonte: Agência Brasil
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